A final da copa galactica de Chutebol acontece uma vez a cada quatro anos, sempre em um sistema estelar diferente. Varios planetas são transformados em gigantescos estadios, hoteis, restaurantes e similares. o evento conseguiu a espantosa media de 9,5 bi de turistas nas ultimas 20 edições. É claro que, sendo o chutebol usado também como um substituto para as guerras, durante as copas galacticas também são decididos os rumos de questões que, não fosse o chutebol, seriam resolvidas apenas com o derramamento de muito sangue.
A final Galactica de chutebol deste ano seria disputada entre a seleção Taorina e a seleção Escuriana, da qual fazia parte o maior idolo chutebolistico de todos os tempos: o Isca Arlan. o estadio, abarrotado no auge dos seus 4,5 milhões de lugares, gritava seu nome. Arlan era chamado, elogiado e idolatrado, e o jogo nem mesmo havia começado. Dentro dos vestiarios, arlan ajeitava seu uniforme e sorria de canto. "Hoje vai ser um dia muito especial" - pensava ele. "hoje, eu serei o rei de toda essa galaxia."
Arlan não sabia que não iria nem mesmo entrar em campo.


No ponto mais alto da arquibancada norte estavam sentados os quarenta e quatro imperadores que formavam o conselho da via lactea. eles estavam alí para garantir a paz e para resolver um conflito entre os Shav'ashkainos e os Taorenses. Este conflido será explicado brevemente abaixo, apenas para que o caro leitor não fique perdido.
Como todos sabem, a bebida mais cara e dita mais deliciosa do universo é a pangalactea. Uma bebida de sabor inebriantemente intenso, que faz com que você sinta como se seu cerebro fosse feito de geléia e cada gole te deixa com a sensação de um orgasmo na boca. infelizmente, o custo de uma garrafa de "panga", como foi apelidada, custa aproximadamente tanto quanto um planeta pequeno, pela raridade extrema de seus componentes. ela é destilada a partir de uma fruta chamada Panga, cultivavel apenas na bruma eterea dos lodos lamacentos do planeta Shav'ashka. De sabor levemente acre, essa fruta por sí só já é uma iguaria requintada, sendo oferecida em festas de casamento, formaturas e outras festas inebriantemente chatas e formais. A forma fisica da panga lembra uma cabaça murcha e rosada, com algumas protuberancias que lembram muito verrugas. Cuidado com essas protuberancias, pois são as sementes da panga. Sementes de panga são tão duras que são usadas como blindagem extra em naves espaciais, e são a materia prima da moeda corrente na via lactea, o Pangal, ou se preferir, Pg$.
O segundo componente desta bebida lendaria é um liquido extremamente raro no universo, disponivel apenas num planeta minusculo habitados por uma civilização ainda em estagio tribal de evolução, chamado terra. este liquido, chamado de leite, tem uma coloração esbranquiçada levemente amarelada, e provém das tetas de um animal de porte medio chamado vaca. incrivelmente, as vacas femeas são diferentes das vacas macho, sendo o leite das vacas macho inutíl para a fabricação da Pangalactica. O povo Shav'ashkaíno, sendo detentor natural de metade dos ingredientes para a fabricação da pangalactea, queria o direito de explorar o planeta terra, mas seu direito foi contestado pelo imperio Taorino, que foi o primeiro imperio a avistar vida na terra. O codigo de conduta espacial deixa claro que uma civilização que não tem conhecimentos tecnologicos suficientes para viagens espaciais deve ser deixada sozinha até encontrar os outros imperios. Nesse caso, todo o leite usado para fabricar a pangalactea é roubado da terra, daí o valor altissimo da bebida. As discussões e debates encheram as camaras espaciais dos politicos por três anos, e agora, tudo seria resolvido na partida da Final de Chutebol. Se os sha'vashkaínos vencessem, uma grande rota de comercio de leite se estenderia da terra até a estrela escura. se os Taorinos vencessem, os humanos seriam extintos e toda a extensão terrestre do planeta seria transformada em pasto para as vacas produtoras de leite. o destino daquele pequeno planeta azul estava em jogo junto com a Copa.

Num corredor barulhento, logo abaixo do palanque dos imperadores, quatro Sha'vashkaínos metidos em ternos sobríos, com óculos escuros andavam apressadamente. seus passos ecoaríam pelo corredor ameaçadoramente, mas tudo o que se podia ouvir a mais de 30 km de distancia era o ruído da torcida exigindo a presensa de Arlan. Após algumas curvas, eles entraram no vestiario do time da estrela negra. arlan estava acabando de calçar seu par de botas esportivas. o vestiário, antes cheio com o burburinho das conversas dos jogadores, se calou, olhando fixo para as quatro figuras serias que não se encaixavam na cena. o mais alto, um sujeito de pele verde-azulada e cabelos verde-escuros, encarou Arlan por um segundo antes de falar:
- Sr Arlan Telbeltelrese, me acompanhe por favor. Questão de segurança imperial.
Arlan, atonito, olhou para seus companheiros de equipe. Subitamente, todos estavam amarrando cadarços, retocando cabelos, espiando as unhas ou de costas para ele. Após um segundo, Arlan tentou argumentar:
- O que é isso? Eu tenho um jogo agora, diga ao imperador que ele pode esperar.
- Sr Arlan - disse novamente o grandão esverdeado - Sugiro que nos acompanhe de boa fé. Afinal de contas, ninguém pode jogar a final de chutebol com as pernas quebradas.

Espantado pelo poder de persuasão do grandalhão a sua frente, Arlan seguiu pelos corredores do estadio, que terminariam na anti-sala da cabine reservada do imperador Magoth McGoth, lider do imperio Shav'ashkaíno. Arlan parou diante da porta, torcendo para, o que quer que fosse, não demorasse mais do que dez minutos. um dos seguranças bateu a porta, que foi atendida pelo proprio imperador. antes que eles pudessem fazer qualquer gesto de reverencia, o imperador anunciou uma sentensa que destruiu o dia de Arlan:

-Arlan telbeltelrese, você embarca para a terra em cinco minutos.